segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Procurando Eu

 Viajar e colocar a mente para se defrontar com sua criação é um exercício que poucos terão o prazer da sensação de conforto e segurança. 

Parar para descobrir o que o corre-corre do dia a dia fez com a pessoa que você mais deveria cuidar, é descobrir o quanto de importância você renega ao principal motivo de ter vindo ao mundo: Você. 

Cada um tem algo a fazer, a descobrir...

O dia, tal qual conhecemos, nasce para todos, enquanto vivos,  mas reconhecer que ele será fruto das situações em que nos colocamos é o primeiro passo para delinearmos como as reações poderão ser benéficas a nós, ou não. 

Ainda não é encontrei maior paz que sentir a harmonia que transborda da brisa e das ondas do mar. Por isso tenho vontade de conhecer um cânion. 

Poucas coisas nessa vida me deram tanto prazer, paz e preenchimento quanto me inteirar com a natureza marinha. 

Descubro hoje, tardiamente talvez, que a primeira escolha de profissão não estava equivocada, mas não seria o suficiente para me trazer paz. Porém, o sentido que estava por trás, intrinsicamente, era verdadeiro. A solidão de estar entre os carneirinhos do mar não me abandonou. Sempre me volto pra o mar procurando me encontrar. 

Hoje, novamente sou um adolescente. Procurando respostas para o que ainda não sei se viverei.

Cresci boa parte da vida com o pensamento de que era minha obrigação cuidar dos “meus”. Quando há muito já deveria ter aprendido que minha obrigação era só criar situações para que as coisas progredissem. 

Hoje o tempo faz tudo por mim. Basta eu não fazer nada. Ou melhor, minha obrigação é não fazer nada. 

Uma psicopata me ensinou que mais importante do que lhe infligem é como você vai transformar sua vida após o ato imposto. 

Julgar é a pior coisa que um ser pode fazer. Admiro quem, conhecendo sus capacidades, escolhe ser defensor das pessoas, da sociedade. 

“Hoje” é dia de repensar nas escolhas que o futuro me impõe. Ele não será outra coisa senão as consequências das escolhas que eu permitir dar ao Destino. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Ela disse ter várias opções

"Ela disse estar solteira, mas falou ter várias opções...
Inúmeras mensagens no whatsapp, facebook e instagram... Todos os dias vários convites para sair...
Ela disse que tinha o poder da escolha em suas mãos.
Só na academia eram três. O primeiro era um cara bonitão, sarado, barriga tanquinho, alto, cheio da grana, mas era um chato narcisísta que só falava de si mesmo. O segundo era musculoso também, só que pesava contra ele uma denúncia de agressão à uma ex namorada. O terceiro não era tão forte, nem tão alto, mas tinha um sorriso bonito, uma presença marcante, seria ideal se falasse de outra coisa além de sexo...
Aliás, muitos dos seus pretendentes eram assim: tudo girava em torno do sexo. O papo podia ser diferente, a abordagem também, mas no fim todos queriam o mesmo; a transa de uma noite.
Ela disse ter várias opções...
O novo vizinho, que depois descobriu não pagar a pensão dos filhos, o cara do trabalho que era casado, o colega da faculdade que parecia um príncipe no primeiro momento, mas que se transformou num sapo ao reproduzir discurso machista.
Ela disse que tinha várias opções...
Como o cara que falava o quanto ela era gostosa, ou o outro que pedia insistentemente uma foto "de agora" e aquele também que escrevia coisas como  "agente e conserteza" por não ter o hábito da leitura. Tinha também o que queria regular as suas roupas, sua maquiagem, seu círculo de amizades, o que vivia mais bêbado que sóbrio e o playboy que se mantinha com a mesada do papai. O cara pouco higiênico e o desligado que achava que viver era curtir o barato de tragar um, dois ou três cigarros...
Havia o cara que declarava amor a namorada no face, mas que a convidava pra sair no menssager, o que jurava que ia largar a esposa, mas que precisava de um tempo pra se divorciar, o que tinha dinheiro e achava que ela estava a venda.
Ela dizia ter muitas opções...
O mentiroso, o tarado, o machista, o infiel, o covarde, o possessivo, o opressor, o canalha, o narcisista, o imaturo, o agressivo, o controlador, o inseguro...
Ela disse ser cheia de opções...
Todos falavam da sua bunda, nenhum reparou na rachadura que ela carregava na alma.
Todos falavam dos seus seios, nenhum percebeu a intensidade do seu coração.
Todos falavam dos seus olhos, ninguém notou o brilho triste que eles carregavam.
Todos a convidavam pra sair, ninguém lhe pedia pra ficar.
Todos perguntavam da sua vida sexual,mas nenhum quis saber qual era seu escritor favorito, a música da sua vida, o nome do seu cachorro, a sua opinião sobre a situação política do país.
Todos queriam levá-la pra cama de um motel, nenhum falou sobre levá-la ao churrasco da família no domingo.

Ela sorriu tristemente e falou sobre ter várias opções...
E eu nunca tinha visto alguém tão sem alternativas quanto ela..."

Júnior Rodrigues

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

UMA MULHER FELIZ!

(Conselho aos pais que vivem se preocupando com tudo e com todos de sua família. Ótimo para voltar a respirar e a viver)

Minha mãe tinha muitos problemas. Não dormia e se sentia esgotada. Era irritada, rabugenta e azeda. E sempre estava doente, até que um dia, de repente, ela mudou. A situação estava igual, mas ela estava diferente.

Certo dia, meu pai lhe disse:

- Amor, estou há três meses à procura de emprego e não encontrei nada, vou tomar umas cervejinhas com os amigos.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem.

Meu irmão lhe disse:
- Mãe, eu vou mal em todas as matérias da faculdade.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem, você já vai se recuperar. E se não conseguir, é só repetir o semestre, mas você paga a matrícula.

Minha irmã lhe disse:
- Mãe, bati o carro.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem filha. Leve-o para a oficina, procure uma forma de pagar o conserto e, enquanto o arrumam, vá trabalhar de ônibus ou de metrô.

Sua nora lhe disse:
- Sogra, venho passar uns meses com vocês.

Minha mãe lhe respondeu:
- Tudo bem, ajeite-se na poltrona da sala e procure uns cobertores no armário.

Todos nós na casa da minha mãe nos reunimos preocupados ao ver essas reações. Suspeitávamos que tivesse ido ao médico e que ele lhe tivesse receitado uns comprimidos de “Se Virem" de 1000 mg. Com certeza também estaria ingerindo uma overdose.

Propusemos então fazer uma "Intervenção" a minha mãe para afastá-la de qualquer possível vício que viesse a ter com algum medicamento "anti-birras".

Mas qual não foi a surpresa quando todos nos reunimos em torno dela e minha mãe nos explicou:

"Demorei muito tempo para perceber que cada um é responsável pela sua vida, demorei anos para descobrir que minha angústia, minha mortificação, minha depressão, minha coragem, minha insônia e meu estresse não resolvem seus problemas, mas sim aumentam os meus.

E eu não sou responsável pelas ações dos outros, mas sim responsável por minhas reações diante disso.

Portanto, cheguei à conclusão de que o meu dever para comigo mesma é manter a calma e deixar que cada um resolva o que lhe cabe.

Já fiz cursos de yôga, de meditação, de desenvolvimento humano, de higiene mental, de vibração, de programação neurolinguística e de milagres, e em todos eles encontrei um denominador comum, todos conduzem ao mesmo ponto:

Eu só posso ter ingerência sobre mim mesma, vocês têm todos os recursos necessários para resolver as suas próprias vidas.

Eu só poderei dar-lhes o meu conselho se por acaso me pedirem e, segui-lo ou não, depende de vocês.

Por isso, de hoje em diante, eu deixo de ser o receptáculo de suas responsabilidades, o saco de suas culpas, a lavadeira de seus arrependimentos, a advogada de suas faltas, o muro de seus lamentos, o depósito de seus deveres. Deixo de ser quem resolve seus problemas ou cumpre suas responsabilidades.

A partir de agora, declaro-os a todos ADULTOS INDEPENDENTES E AUTO-SUFICIENTES.

Todos na casa da minha mãe ficaram mudos.

A partir desse dia a família começou a funcionar melhor pois todos na casa sabem exatamente o que lhes compete fazer.

Texto: autor desconhecido.
Imagem: Amanda Oleander Art





quinta-feira, 13 de junho de 2019

Quando a Felicidade Invade Sua Vida


SACANAGEM e O Dia dos Namorados

“SACANAGEM

Esta é a semana dos namorados (no Brasil), mas não vou falar sobre ursinhos de pelúcia nem sobre bombons. É o momento ideal pra falar de sacanagem.

Se dei a impressão de que o assunto será ménages à trois, sexo selvagem e práticas perversas, sinto muito desiludí-lo. Pretendo, sim, é falar das sacanagens que fizeram com a gente.

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos machucam, e que existe mais cabeças tortas do que pés.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais. 
Sexo não é sacanagem. Sexo é uma coisa natural, simples - só é ruim quando feito sem vontade. Sacanagem é outra coisa. É nos condicionarem a um amor cheio de regras e princípios, sem ter o direito à leveza e ao prazer que nos proporcionam as coisas escolhidas por nós mesmos.”
(Martha Medeiros)



Ontem foi o Dia dos Namorados
E eu não aproveitei a sacanagem
Tremenda sacanagem rsrs